Um grupo de mais de 100 deputados franceses escreveu uma carta destinada à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em oposição à assinatura do acordo de comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercado Comum do Sul (Mercosul). Na carta, os parlamentares acusam os agricultores sul-americanos de não cumprirem as mesmas regras ambientais e de transição climática que os europeus.
Eles ainda afirmam que o acordo é anacrônico e incompatível com os enormes esforços compreendidos por nossos agricultores nas transições ecológicas e climáticas. “A Europa deve privilegiar novas formas de parcerias estratégicas em questões ecológicas e sociais, levando plenamente em consideração os imperativos de soberania e segurança alimentar”, completaram os deputados.
“Finalmente, pedimos que o acordo seja obtido integralmente a um procedimento de ratificação, ou seja, uma votação por unanimidade dos Estados membros da UE, seguida por um voto no Parlamento Europeu e, em seguida, pela adoção em todos os Estados membros, de acordo com o procedimento vigente. Na França, isso exigirá que o acordo seja votado pela Assembleia Nacional e pelo Senado. Em 13 de junho passado, a Assembleia Nacional já aprovou por unanimidade uma proposta de resolução semelhante, por iniciativa da maioria”, conclui a carta.
Em dezembro de 2023, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, já havia relatado a dificuldade imposta pelos franceses. “A França sempre foi o país que criou obstáculos para o acordo do Mercosul com a União Europeia, porque a França tem milhares de pequenos produtores (agrícolas) e eles querem proteger os seus produtos. É isso”, disse o presidente, na época.
“Se não tiver acordo, paciência. Não foi por falta de vontade. Mas a única coisa que tem que ficar claro é que não digam mais que é por conta do Brasil. E que não digam mais que [o acordo] não saiu por conta da América do Sul. Assumimos a responsabilidade de que os países ricos não querem fazer um acordo na perspectiva de fazer qualquer concessão”, complementou.