A corredora Danielle Oliveira, de 41 anos, morreu atropelada por um estudante de medicina bêbado, na manhã do último sábado (15), na MS-010, em Campo Grande. O motorista foi preso em flagrante.
Nas redes sociais, a atleta mostrava que participava de corridas para superar o luto após a morte de uma das filhas por câncer. Em suas publicações, ela falava sobre o processo de superação e compartilhava sua rotina de treinos. Aos seguidores, ela se apresentava com a frase “Depois da dor, vem a coragem, me reconstruindo…”.
“É ela! Minha Geovanna. Motivo pelo qual comecei a correr. Eu tenho muitas saudades e sei que ela está de algum lugar, muito orgulhosa, em como enfrentei a partida dela.”
Em 2023, Danielle participou de uma reportagem de dia das mães do g1 e falou sobre o acontecido. Na época, contou que um tumor renal foi descoberto quando a filha, Geovanna, tinha 4 anos. Ela buscou tratamento e cirurgia mas, nove meses depois da descoberta, a criança faleceu.
Dois anos após a perda de Geovanna, Danielle contou que foi convidada a participar de uma corrida de cinco quilômetros, que mudou sua vida.
“Quando eu participei dessa corrida foi muito difícil. Nessa prova eu chorei muito e decidi que queria isso para a minha vida. Comecei a me inscrever em todos os tipos de prova”, relatou Danielle à reportagem na época.
Filha se despediu da mãe nas redes sociais
Danielle deixa outras duas filhas. Giullia Porto, a mais velha, se despediu da mãe com uma publicação nas redes sociais.
“Você era meu exemplo. Obrigada por ter me ensinado tanto, por ter me amado tanto apesar de inúmeras falhas minhas. A falta e o vazio que eu sinto em saber que não vou mais ter seu abraço pra recorrer quando alguma coisa da errado. Eu te amo e vai além da matéria, do corpo físico. Da um beijo na Ge daí de cima. Vou honrar teu nome mãe! Descanse em paz”, disse na publicação.
Entenda o acidente
A corredora Danielle Oliveira, de 41 anos, morreu atropelada por um estudante de medicina bêbado, de 23 anos, na manhã deste sábado (15), na MS-010, em Campo Grande. A vítima realizava um “longão”, que é um treino de corrida de longas distâncias, no momento do acidente. O motorista que é estudante de medicina, João Vitor Fonseca Vilela, foi preso em flagrante.
Cerca de 20 atletas corriam e pedalavam pela rodovia, quando o motorista teria perdido o controle da direção, atingindo o grupo e atropelado duas corredoras. Danielle morreu no local do acidente e uma amiga ficou ferida. A mulher, ainda não identificada, foi encaminhada para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), com escoriações.
Segundo testemunhas, o veículo estava em alta velocidade quando foi pra cima do grupo de corredores. O motorista fazia zigue-zague na pista antes de atingir Danielle, e estava visivelmente embriagado e com cheiro de bebida alcoólica.
A vítima chegou a receber atendimento por socorristas que estavam no grupo de corredores. O Corpo de Bombeiros esteve no local do acidente e tentou reanimar a vítima por cerca de 1 hora, mas a mulher não resistiu e morreu às margens da rodovia, na MS-010.
Uma policial civil, que também fazia parte do grupo de corredores, deu voz de prisão ao motorista. A Polícia Militar foi acionada, o motorista não quis realizar o teste de bafômetro. Contudo, os militares constataram que o estudante estava com cheiro forte de bebida alcoólica e com latas de cerveja dentro do veículo.
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O estudante de medicina, João Vitor Fonseca Vilela, teve a prisão preventiva decretada na manhã deste domingo (16), após passar por audiência de custódia.
Enquanto João Vitor passava pela audiência de custódia aos prantos, a entrada do fórum de Campo Grande era um cenário de manifestação. Com cartazes, os amigos de Danielle pediam por Justiça.
O estudante, natural de Piranhas, interior de Goiás, estuda medicina na Faculdade Morgana Potrich (FAMP), em Mineiros (GO), e estava há um mês realizando o internato na Santa Casa de Campo Grande.
Conforme o boletim de ocorrência, João Vitor estava visivelmente embriagado e usava uma pulseira de um bar localizado na capital de Mato Grosso do Sul. No interior de seu carro, a polícia encontrou bebidas alcoólicas. O grupo de corredores que acompanhava Danielle na rodovia afirmou que o veículo fazia zigue-zague na pista.