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Seca castigou até o pequi e sabor regional dobrou de preço em MS

Não foi só o setor de queijos que sentiu o aumento do produto, uma das frutas mais tradicionais do Cerrado, o famoso pequi, também teve aumento significativo no preço. No Mercadão Municipal de Campo Grande, o valor saiu de R$15 para R$ 30,00 um saco, ou seja, dobrou em 2024. A fruta é considerada por muitos como o “Ouro do Cerrado”.

O preço do pequi, fruta típica do cerrado, dobrou em 2024 no Mercadão Municipal de Campo Grande, saindo de R para R,00 o saco. A escassez da fruta, devido à seca e ao fato de não ser época, levou as feirantes indígenas a buscar pequi em outros estados, como a Bahia, elevando o custo final. As feirantes relatam que o preço ainda é baixo em relação ao que gastam para comprar as caixas, que custam em média R0,00, e que nem sempre é possível aproveitar todo o produto. A falta de pequi na região também afeta a produção de guavira, outra fruta tradicional do cerrado, que também está sendo trazida de outros estados.

Com a mesma procura mas pouca oferta, as feirantes indígenas que comercializam a fruta no local alegam que encontrar o pequi tem sido tarefa difícil por duas razões: a primeira, por não estar na época; e a segunda, pela plantação ter sido prejudicada pela seca extrema.

Apesar do preço, o valor ainda não está justo frente ao que elas gastam para comprar as caixas da fruta, segundo as comerciantes. Élida Fátima Júlio, presidente da Associação dos Feirantes Indígenas no Mercadão explica que uma caixa é comprada por, em média, R$150, mas que nem sempre é possível aproveitar todo o produto.

Élida Fátima Júlio, presidente da Associação dos Feirantes Indígenas (Foto: Natália Olliver)
Élida Fátima Júlio, presidente da Associação dos Feirantes Indígenas (Foto: Natália Olliver)

“Acho que não é só o pequi, todo produto sobe. O pequi é uma vez por ano que sobe, igual a guavira. Quando chega a época ela chega mais caro pra nós porque não é daqui, é de reserva de outros lugares. A gente compra pequi de outros lugares e retorna muito caro para nós”.

Ela explica que o valor do saco é baseado em quanto custa a caixa. “Está de R$150 a R$ 180. Às vezes não chega a 20 saquinhos de pequi com uns 15 em cada, porque tem muito estragado, vem com casca e não dá pra ver. Para vender tem que escolher os produtos bons para os clientes. O saquinho está R$30, antes era R$15”.

Há 20 anos no local, a indígena da etnia terena, Manita Mota, explica que agora, devido à escassez, os pequis são trazidos de outros estados, entre eles a Bahia e que isso impacta no preço final ofertado ao cliente.

“É fruta de época. O pessoal está reclamando do preço, mas se for pensar bem não aumentamos ainda. Estou vendendo a R$30 também e teria que ter aumentado. Está um pouco mais caro que no ano passado. O moço [fornecedor] disse que estão indo mais longe, na Bahia pegar. Chegou agora 100 caixas e já foram distribuídas. Tem relação com a seca porque nossa região não tem nada de pequi quase. Estamos pegando mais longe. Queimou tudo nas aldeias”.

Ela destaca que o cenário não é novo e que a escassez da fruta vem há três anos. Que antigamente, quando era época de pequi, era comum ver carros e mais carros abarrotados da fruta.

“Aqui enchia de carro de pequi, hoje não tem nenhum. Até nossa guavira está vindo de fora, esse ano não vai dar mais. Moro aqui, mas sou de uma aldeia entre Aquidauana e Miranda, lá não tem nada mais. A gente já tá pagando caro. A gente depende da venda para comprar as caixas, se está boa dá pra pegar umas 10 caixas”.

Feirante indígena da etnia terena, Manita Mota (Foto: Natália Olliver)
Feirante indígena da etnia terena, Manita Mota (Foto: Natália Olliver)

Para ter pequi o ano todo, Élida compra e congela a fruta. Mas diante do valor está repensando, pois mantê-los armazenados impacta na energia.

“Eu ainda não vendi esse ano, começo a vender eles fora de época e congelo. Mas pra vender a R$30,00 usa energia. Pego todo ano para congelar. Costumo vender a R$30 e dois por R$45”.

Ouro do Cerrado- O pequi é uma fruta típica da região Centro-Oeste, muito abundante no Cerrado. O sabor é presença marcante na culinária e na cultura regional. Por muitos é conhecida como “Ouro do Cerrado” e é polêmico pela forma específica de consumir: roendo.

A fruta ainda é rica nutricionalmente e promove diversos benefícios à saúde devido ao seu potencial anti-inflamatório e antioxidante. Além disso, ele é versátil na culinária, sendo usado tanto em pratos salgados como arroz de pequi e na galinhada, como em doces, sorvetes, licor e castanha. – CREDITO: CAMPO GRANDE NEWS

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