Jhonatan Murilo Leite, de 22 anos, confessou que dirigia o caminhão que bateu contra uma viatura e matou quatro policiais militares, segundo o Ministério Público de Goiás (MP-GO). Um vídeo mostra que Diego Michael Cardoso, que cumpre prisão domiciliar acusado do crime, não estava na direção do veículo (assista aqui).
“Jhonatan, ao ser ouvido, confessou que dirigia o referido caminhão, após [testemunha] ter emprestado sua CNH para a retirada da mercadoria e Diego ter emprestado o caminhão”, detalha o MP-GO.
Quando Jhonatan foi preso, a defesa dele preferiu não se identificar. Na noite de quinta-feira (3), o g1 tentou contato com a advogada do rapaz, mas não teve retorno até a última atualização desta reportagem.
O g1 teve acesso, na última quinta-feira (3), ao documento em que o MP-GO denuncia Jhonatan Murilo. O rapaz foi denunciado por homicídio com dolo eventual e inovação artificiosa em acidente de trânsito, que seria a adulteração das características do acidente. Neste sentido, o MP considerou que o motorista sabia do risco de causar o acidente, mas não se importou que ele ocorresse.
Na decisão, o promotor Tommaso Leonardi escreveu que a versão apresentada pelos envolvidos à Justiça foi combinada por Jhonatan, Diego e pela testemunha dona da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), o que induziu as autoridades ao erro.
“A manobra criminosa levou, inclusive, à prisão e denúncia de Diego por crimes cometidos por outra pessoa”, escreveu o promotor no documento.
Reviravolta no caso
O acidente aconteceu em abril deste ano, na GO-364, em Cachoeira Alta, no sudoeste de Goiás. A reviravolta no caso se deu após a divulgação do vídeo que mostra Diego e Jhonatan próximos ao caminhão após o acidente. Jhonatan Murilo foi preso em Uruana em setembro deste ano.
“Com essa nova investigação, ficou comprovado que, de fato, quem estava dirigindo o caminhão na contramão, em alta velocidade, subindo um aclive à noite e que veio a bater com o carro da Polícia Militar era outra pessoa”, explicou o promotor Tommaso Leonardi.
“Duas novas testemunhas deixaram claro que quem saiu do caminhão assim que ele tombou não era a pessoa que foi presa. Elas também apresentaram um vídeo que flagrava outra pessoa saindo do veículo, ao invés da pessoa detida anteriormente”, explicou o promotor.
O que diz a defesa de Diego?
Em nota, a advogada Lorena Magalhães, afirmou que as novas investigações foram iniciadas a partir da resposta à acusação apresentada pelas advogadas, as quais solicitaram diversas diligências probatórias para elucidar os fatos, uma vez que a investigação policial não se preocupou em inquirir testemunhas oculares do acidente.
Pedido de prisão
O pedido de prisão emitido pelo MP-GO descreveu que Diego afirmou ter assumido a autoria do crime porque Jhonatan não possua Carteira Nacional de Habilitação (CNH) compatível com a condução de caminhões. A defesa afirmou que o rapaz tem CNH categoria “D”, mas o veículo envolvido no acidente exigia a categoria “E”.
“Ficou comprovado que outra testemunha emprestou a CNH para o verdadeiro motorista, que não tinha habilitação para dirigir aquele caminhão. Houve um conluio entre eles para tentar beneficiar essa pessoa e evitar um problema maior”, explicou o promotor Tommaso Leonardi.
Ainda segundo o promotor, Diego teria assumido a culpa para evitar complicações legais e com o seguro. No entanto, a defesa do caminhoneiro contesta essa versão, alegando que Diego não tinha seguro no veículo, apenas a carga estava segurada.
Com a reviravolta no caso, Jhonatan deverá responder pela morte dos quatro policiais militares e por fraude processual, de acordo com o MP-GO. Diego também poderá ser processado por fraude processual.
“A princípio, entendo que ele [Diego] praticou fraude processual majorada, porque levou a gente ao erro. Além disso, existe a possibilidade de acusação falsa. Não descarto que ele tenha cometido algo mais grave, uma vez que permitiu que uma pessoa sem habilitação adequada dirigisse o caminhão”, concluiu o promotor.
O acidente
Um vídeo mostra que viatura e a carreta envolvidas no acidente ficaram destruídas (assista aqui). Em nota, a PM informou que os militares estavam em deslocamento durante um serviço no momento da colisão. Os corpos deles foram velados e sepultados no dia 25 de abril após um cortejo.
O caminhoneiro se tornou réu no dia 21 de maio deste ano. Na decisão, o juiz mencionou que, segundo o laudo da perícia, o caminhão estava acima do limite de velocidade permitida, com sobrepeso de carga e invadiu a pista contrária.
Nota defesa Diego Cardoso
A defesa do caminhoneiro Diego Cardoso enfatiza que as novas investigações foram iniciadas através da defesa apresentada, sendo a resposta à acusação apresentada pelas advogadas, Jhoane e Lorena Magalhães, as quais solicitaram inúmeras diligências probatórias para elucidar os fatos, vez que a investigação policial não buscou inquirir testemunhas oculares do sinistro. Foi realizada perícia particular e pedido de acesso às filmagens onde puderam provar a inocência de Diego!