Em meio à seca e ao fogo que atingem o Pantanal de Mato Grosso do Sul, uma baía inundável próximo ao rio Paraguai, principal bacia do bioma, se transformou em um imenso lamaçal, em que centenas de peixes morreram agonizando (veja o vídeo aqui).
As imagens foram feitas pela pesquisadora da ONG Ecoa Edilaine Arruda, na última quinta-feira (20). O local onde o registro foi feito é uma área inundável no Porto Amolar, na região de Corumbá (MS), que secou. No vídeo é possível ver centenas de peixes agonizando.
De acordo com diretor de programas e projetos do Ecoa, André Luiz Siqueira, neste ano, por causa do baixo nível do rio, essas áreas inundáveis secaram, o que causou a morte dos peixes.
“Esse registro é o presságio em relação de tudo que estamos falando sobre o pantanal. As baias secarem faz parte do ciclo, mas isso aconteceu bem mais cedo do que deveria acontecer, e estamos falando de uma das regiões mais alagadas do pantanal, isso não é normal”, explica o pesquisador.
André reforçou que a seca da baía também impacta socialmente e financeiramente a vida de famílias ribeirinhas.
“As baías são fonte de renda de centenas de famílias ribeirinhas, então temos o impacto ambiental, mas também temos o impacto social e econômico que pode se agravar a partir de agora”, relata.
Novos dados científicos revelaram que o Pantanal, que é a maior planície alagada do mundo, tem se tornado um ambiente cada vez mais seco, um cenário propício para a propagação de focos de incêndio.
Um levantamento do Mapbiomas, que será divulgado nesta semana, aponta que quase 60% do Pantanal foi atingido pelo fogo nos últimos 38 anos. Em 2023, a área alagada ficou 61% abaixo da média histórica.
O poder de destruição das chamas aumenta com a falta de chuvas que atinge a região, e a última grande cheia no Pantanal foi há seis anos.
MS decreta situação de emergência
O governo de Mato Grosso do Sul decretou situação de emergência por causa dos incêndios no Pantanal. O decreto, que foi publicado no Diário Oficial do Estado, nesta segunda-feira (24), vale para as cidades atingidas pelo fogo, mas o texto não cita quais são os municípios. Na prática, a medida permite, por exemplo, que haja licitações sem edital para ações emergenciais.
A área queimada neste ano no bioma chegou, até este domingo (23), a 627 mil hectares (480 mil hectares em MS e 148 mil, em MT), segundo dados da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Os números já superam o de 2020, quando houve recorde de devastação no bioma. Neste domingo, chamou a atenção nas redes sociais um vídeo que mostra uma “muralha de fogo” do outro lado da margem do rio onde ocorria uma festa de São João, em Corumbá.
O decreto de emergência prevê uma atuação do poder público mais célere nos municípios de Mato Grosso do Sul afetados pelos incêndios.
A medida de urgência prevê que os próprios municípios afetados pelo fogo peçam a inclusão ao decreto de emergência. As cidades mais atingidas, como Corumbá, Ladário, Porto Murtinho e Rio Verde serão incluídas na lista de cidades atendidas pela medida, segundo apurado pelo g1.