O Pantanal está em chamas mais uma vez. Até maio deste ano, 332 mil hectares do bioma, que se espalha por Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, já foram consumidos pelas chamas. A extensão destruída já superou em 39% o registrado no mesmo período de 2020, o pior ano da série histórica. Imagens gravadas por equipes que trabalham no combate das chamas mostram a área devastada pelo fogo.
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Os dados são do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ). Diante do cenário, agravado pela seca extrema enfrentada pelo bioma, a ONG SOS Pantanal emitiu uma nota técnica.
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O g1 conversou com a geógrafa do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), Rayssa Noveli, que sobrevoou as áreas atingidas pelas chamas. O vídeo foi gravado na última quinta-feira (6), na região do Jatobazinho, que fica na cidade de Corumbá (MS).
“Fizemos um sobrevoo para visualizar onde estava a frente do fogo e traçar rotas para acessar essas áreas. Realizamos o trabalho de identificar os focos, a direção do vento e as equipes vão no local para que o fogo não se alastre mais. É um trabalho em conjunto com várias frentes”.
Desde janeiro de 2024, uma área duas vezes maior que o tamanho da cidade de São Paulo já queimou no Pantanal. Nos últimos dez dias, o fogo consumiu o equivalente a 59 mil campos de futebol.
Para conter as chamas, o tenente-coronel Fábio Pereira de Lima, do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul, diz que estão sendo utilizados aviões para lançar água sobre as chamas e o maior desafio é chegar até as áreas queimadas.
“A região é de difícil acesso para entrada. Uma vegetação alta, uma vegetação fechada, vegetação com área alagada. Então tem água até a altura da cintura, altura do peito. A progressão é muito difícil para chegar até o local do incêndio”.
A polícia investiga a origem do fogo. A hipótese mais provável é de incêndio criminoso.
Escassez hídrica preocupa
A nota do SOS Pantanal revela uma preocupação especial com a situação hídrica. A ONG alerta que a seca reflete diretamente nos recursos hídricos e indica grave escassez da região hidrográfica do Rio Paraguai, o que coloca o estado em situação de risco para quem depende do uso da água.
O cenário é de situação “crítica e perigosa, potencializando os riscos para a ocorrência de incêndios florestais no Pantanal”, também amparada pelo Monitor da Secas da Agência Nacional de Águas (ANA) em relação ao Rio Paraguai.
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Em Corumbá, uma das principais cidades do Pantanal sul-mato-grossense, praticamente não chove há mais de 50 dias, de acordo com meteorologistas da região. Com os incêndios florestais e a baixa umidade do ar, uma densa fumaça se concentra sobre a cidade.
Na última semana, devido ao risco da aproximação do fogo e pela forte nuvem de fumaça que cercava o local, crianças tiveram que ser evacuadas de uma escola ribeirinha do município, e as aulas foram suspensas por 10 dias.
A ONG pede que a declaração de escassez hídrica siga até 31 de outubro de 2024, para permitir ações emergenciais e a articulação entre diferentes órgãos para gestão eficiente dos recursos hídricos.
Segundo levantamentos do Serviço Geológico do Brasil (SGB), o nível do rio em Ladário – cidade vizinha à Corumbá – tem registrado quedas ou estabilidade na medição há cerca de um mês. O órgão aponta que, para este período, a média histórica do nível do rio em Ladário era de 3,85 metros.
Na última sexta (7), a régua de Ladário marcava 1,38 cm. Ou seja, o rio Paraguai estava 2 metros e 47 cm abaixo do esperado.
Em paralelo, a intensa seca e a falta de chuva, indica uma situação crítica e perigosa, potencializando os riscos para a ocorrência de incêndios florestais no Pantanal, além de outras consequências atreladas ao uso dos recursos hídricos.
“A seca prolongada impacta significativamente setores cruciais como abastecimento humano, navegação, geração hidrelétrica e atividades econômicas locais, incluindo pesca e turismo. Os níveis dos rios atingiram ou estão próximos dos mínimos históricos, indicando a urgência de medidas adaptativas”, diz a nota.
Para conter a situação, o SOS Pantanal traz várias recomendações, como a instalação imediata de sala de situação e comando envolvendo Corpo de Bombeiro Militar dos dois estados, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Ibama, a Secretaria de Meio Ambiente do Mato Grosso, o Imasul e técnicos, com foco no acompanhamento das condições meteorológicas, propagação dos focos de calor.
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