O pedido de denúncia de cassação do presidente da Câmara Municipal de Cassilândia, Arthur Barbosa (União), será votado na sessão desta manhã de segunda-feira (25). A denúncia foi feita pela vereadora Sumara Leal (PDT), que teria sofrido violência política de gênero na Casa de Leis.

O presidente da Câmara, durante uma sessão, recomendou que a vereadora Sumara Leal ‘use o corpo para trabalhar, assim como usa a língua’. A parlamentar afirma que foi vítima de machismo e humilhação, enquanto o vereador diz que falas foram mal interpretadas.

“Na sessão desta manhã será lida a denúncia com o pedido de aceitação. Se aceito, será formado uma comissão de ética para apurar os fatos e depois será votada a cassação”, explicou a vereadora.

Viajou mais de 100 km para registrar boletim de ocorrência

Sumara Leal precisou viajar mais de 100 quilômetros para Paranaíba para registrar um boletim de ocorrência contra o presidente da Casa. Isso porque, segundo a parlamentar, o delegado de Cassilândia, onde ela é vereadora, teria se recusado a registrar a ocorrência.

O Jornal Midiamax acionou a corregedoria da Polícia Civil, que informou que “O Departamento de Polícia do Interior está fazendo o levantamento de informações preliminares quanto a situação ocorrida e, sendo necessário, [o caso] será encaminhado à Corregedoria para apuração”.

Medida protetiva

Em Campo Grande, a vereadora criticou a demora da Casa de Leis de Cassilândia em tomar as providências necessárias e relatou falta de suporte para a situação. A parlamentar pede uma medida protetiva contra o vereador.

“Eles ainda não tomaram nenhuma providência sobre o caso. O Ministério Público entrou com uma ação. O meu advogado também vai pedir a cassação e uma medida protetiva. Só que isso vai ter que ser votado. O que ele fez foi um crime. A violência de gênero está acontecendo até nos bastidores”, informa.

Sumara diz sofrer pressão dos próprios vereadores para ‘enterrar o assunto’. “Os vereadores estão pedindo pra eu não fazer isso, mas o que aconteceu foi um crime. Eu não entendia o que era violência política e não gostaria de ser conhecida por isso, mas já que aconteceu eu vou levantar a bandeira sim para que isso não aconteça novamente”, conta.

A violência política de gênero pode ser caracterizada como “todo e qualquer ato com o objetivo de excluir a mulher do espaço político, impedir ou restringir seu acesso ou induzi-la a tomar decisões contrárias à sua vontade. As mulheres podem sofrer violência quando concorrem, já eleitas e durante o mandato”.

União Brasil 

O União Brasil emitiu nota de repúdio na última terça-feira (12) e informou que irá apurar a conduta do presidente da Câmara Municipal de Cassilândia, Arthur Barbosa (União), que cortou fala da colega vereadora, Sumara Leal (PDT), durante sessão e disse para ela trabalhar com o corpo ‘assim como a língua’.

A nota é assinada pela presidente estadual do partido e superintendente da Sudeco, Rose Modesto, e Michaela Dutra, Presidente do União Mulher em MS.

Outro Lado

O  vereador Arthur Barbosa Souza Filho se pronunciou em vídeo na rede social, alegando que utilizaram parte da fala dele.

“Pegaram parte da minha fala e estão, de certa forma, tentando me incriminar como uma pessoa machista, que não respeita as mulheres. Quando citei a questão de usar o corpo, minha intenção foi de usar o corpo para o trabalho, participar das reuniões, estar presente no contexto geral. Jamais eu quis aqui denegrir a imagem da parlamentar, trazer algum tipo de constrangimento e muito menos menosprezo a mulheres”, afirmou.

O vereador afirmou ainda que quem lhe conhece sabe que tem respeito e já realizou várias palestras sobre Dia Internacional da Mulher, Agosto Lilás, questão da saúde da mulher.

“Sou casado, tenho uma filha, mãe, irmãs. Com toda certeza, tenho bastante mulheres que são próximas a mim. Tenho respeito. A fala foi direcionada em momento de discussão política. Neste contexto, a gente sabe que estão querendo denegrir minha imagem como um cidadão que não respeita as mulheres”, completou.(InvestigaMS)