Inconformados com a morte de José Lopes Teixeira Neto, de 21 anos, familiares afirmaram que alertaram o diretor da Penitenciária Jair Ferreira de Carvalho – a Máxima – um dia antes sobre o risco que o interno estaria correndo. O rapaz, que respondia por tráfico de drogas, teria sido obrigado a ingerir cocaína diluída em água na madrugada da terça-feira (27), mas o caso ainda é investigado.
Ao Campo Grande News, irmã de José contou que visitava o interno sempre junto com a mãe e o último contato que tiveram foi na segunda-feira (26), quando ele entrou em contato por telefone pedindo socorro dizendo estar no “tribunal do crime”.
“Ele pediu para ligarmos para a direção e pedir para tirar ele urgente de lá porque desde sexta-feira estaria passando pelo tribunal do crime e que ele iria morrer. Ele estava desesperado, implorando pela vida”, disse a cabeleireira de 27 anos.
Segundo a irmã do detento, foram mais de seis ligações e em duas delas a família conversou com o diretor da unidade que, de acordo com o relato, falou que colocaria o rapaz em uma cela isolada. No entanto, no terceiro contato os familiares falaram com um servidor que seria o chefe da disciplina e esse teria alegado que José não corria nenhum risco.
“Pelo que ele falou, descobriram que ele de facção rival e iriam matar ele. Estamos inconformados. Ele tinha apenas 21 anos, deixaram ele morrer. Estamos muito abalados. Minha mãe está sob efeito de remédios, ela não consegue dormir desde que ele ligou pedindo socorro”, explicou a mulher.
A família afirmou que já contratou advogados para que a unidade e a direção sejam responsabilizadas pela morte do interno. “Eles sabiam que ele corria risco e deixaram ele lá para morrer. Estamos inconformados com isso. Queremos justiça”, finalizou a mulher.
José estava na unidade há 8 meses. Mas já tinha passagens criminais desde quando era menor de idade nas cidades de Cassilândia, Paranaíba e Chapadão do Sul por tráfico de drogas, posse de drogas para consumo pessoal, ameaça e roubo.
A reportagem entrou em contato com a Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário) que informou não ter registrado nenhuma informação sobre algum risco que José corria. Em nota, a pasta afirmou que quando há esse tipo de denúncia, o procedimento padrão é isolar o interno e colher um termo de declaração com duas testemunhas.
“Seguimos o procedimento à risca, tendo em vista que a administração zela para evitar ocorrências que atentem contra a integridade física e a vida dos custodiados. A família pode buscar a Ouvidoria da Agepen para registrar qualquer manifestação referente ao caso”, diz a nota.
Sobre a morte, a pasta já havia informado que as circunstâncias estavam sendo apuradas.
Entenda – Segundo as informações apuradas pela reportagem do Campo Grande News, o caso ocorreu por volta das 3 horas de hoje. Há informações de que o preso teve a morte decidida por detentos de facção rival. Então, foi obrigado a ingerir a droga com água, o que causa overdose, e começou a passar mal na cela 16 do pavilhão 2.
Ele não resistiu e morreu. Na cela onde José Lopes cumpria pena, havia outros 23 presos. A Polícia Civil e perícia estiveram no local. Não foram encontrados sinais de violência, mas havia espuma com sangue saindo pela boca da vítima. O caso foi registrado como morte a esclarecer, na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) do Cepol.