Após 20 dias de espera e esperança, o sorriso se foi. O garotinho de apenas dois anos e cinco meses de idade, vítima de violência extrema, não resistiu e morreu na Santa Casa de Campo Grande. Para a investigação policial, não há duvida: mãe e padrasto são autores das agressões. Presos por tentativa de homicídio, agora serão indiciados por homicídio qualificado.
A criança deu entrada no hospital com graves ferimentos e já em coma, no dia 23 de janeiro. Havia sinais evidentes de agressão e traumatismo craniano. Exames clínicos constataram lesões no pulmão, acúmulo de líquido e hematoma no abdômen, além de escoriações nos membros inferiores.
Nos dias seguintes, foi aberto o protocolo de morte cerebral, mas com resultado inconclusivo. Isso porque, exames constataram atividade elétrica cerebral, ou seja, o bebê estava tentando reagir. Mas, não resistiu. O protocolo foi encerrado nesta segunda-feira (12) e constatada a morte da criança. A família foi informada às 14 horas.
Durante todo o período desde a internação, a Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca) tentou desvendar o que, de fato, ocorreu na residência do Jardim Colibri, na Capital, onde o bebê estava com a mãe, padrasto e a irmã, de 4 anos, no dia 23 de janeiro. Segundo a delegada Nelly Macedo, a família vivia em situação de rua, dormindo em imóveis abandonados e até em uma Kombi deixada em via pública.
Naquele dia, a mãe afirmou ao Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) que a criança havia caído na rua. Em segundo momento, que estava com os filhos em casa e o pequeno sofreu queda de uma escada. A outra versão seria queda do muro.
Contudo, perícia no imóvel constatou que não seria possível a criança cair e sofrer tantos ferimentos tão graves. “Foi possível constatar que não havia na residência um local em que pudesse ocorrer acidente que provocasse as lesões sofridas pela vítima”, diz trecho da nota da Polícia Civil.
Já o padrasto afirmou, em primeiro momento, que sequer estava com a família, mas sim, com a mãe dele procurando emprego. Confrontado por ter sido visto por testemunhas no local onde o bebê foi socorrido, ele insere outra versão: que estava em uma praça do bairro e apenas ajudou quando viu a esposa chegando com a criança nos braços. Nenhuma versão bate.
“Foram localizadas também imagens de câmeras de segurança que mostraram o exato momento em que o padrasto e a mãe saem com o menino nos braços, em direção ao local onde o Samu fez o primeiro atendimento. Tanto o padrasto quanto a mãe estavam com a criança e esta não se lesionou acidentalmente”, diz outro trecho da nota policial.
Mesmo sendo evidente as agressões e mentiras do casal, detalhes do que aconteceu dentro da casa são desconhecidos ainda. O casal está preso temporariamente.